Nas últimas décadas, a investigação médica e farmacêutica tem registado avanços significativos, não só na busca de alternativas terapêuticas mais eficazes, mas também no desenvolvimento de novos fármacos capazes de viabilizar o tratamento de doenças até agora consideradas incuráveis.
Neste contexto, os medicamentos biológicos e de terapia avançada assumem um papel de destaque, sobretudo no tratamento de doenças crónicas, como a diabetes, as doenças inflamatórias intestinais, a psoríase e a artrite reumatoide, bem como de doenças neurodegenerativas, como a esclerose múltipla, e de diversos tipos de cancro.
Os medicamentos biológicos distinguem-se pelo seu mecanismo de ação direcionado, atuando especificamente em alvos moleculares envolvidos na patogénese das doenças. Estes fármacos incluem diferentes proteínas recombinantes, como anticorpos monoclonais, proteínas de fusão e citocinas, entre outras, permitindo uma modulação mais seletiva do sistema imunitário e de vias celulares específicas. Já os medicamentos de terapia avançada, como as terapias génicas e celulares, baseiam-se, respetivamente, na alteração do material genético ou na utilização de células vivas para restaurar, substituir ou modificar funções biológicas afetadas.
Simultaneamente, o expirar das patentes de muitos medicamentos biológicos tem impulsionado a introdução de medicamentos biossimilares no mercado, perspetivando-se um aumento significativo da sua disponibilidade nos próximos anos.
No entanto, a complexidade estrutural e a variabilidade inerente aos processos biotecnológicos de produção impõem exigências regulamentares rigorosas, tanto no desenvolvimento como na aprovação e monitorização destes medicamentos. Assim, os medicamentos biológicos e de terapia avançada estão sujeitos a normativas específicas que garantem a sua qualidade, segurança e eficácia, diferenciando-os dos medicamentos de síntese química, cujas características são mais uniformes e previsíveis.
Além disso, a natureza dos medicamentos biológicos e de terapia avançada influência significativamente o seu perfil de interações medicamentosas. Devido ao seu mecanismo de ação altamente específico, a probabilidade de interações farmacocinéticas é, em geral, menor do que nos medicamentos de síntese química. No entanto, interações farmacodinâmicas podem ocorrer, nomeadamente com outros fármacos imunomoduladores, aumentando o risco de imunossupressão ou reações adversas.
Neste cenário em constante evolução, torna-se essencial capacitar os profissionais de saúde, em articular os farmacêuticos, para uma melhor compreensão dos tratamentos disponíveis, do seu mecanismo de ação, das potenciais interações, das exigências regulamentares e da identificação precisa dos efeitos adversos associados à utilização de medicamentos biológicos e de terapia avançada.
PROGRAMA
MÓDULO 1: Aspetos gerais – 1a parte: 20/05/2025
- Os avanços no desenvolvimento de medicamentos (Prof. Doutor José Manuel Sousa
Lobo – Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto) – 40 min - Medicamentos biológicos e biossimilares (Prof. Doutora Ana Catarina Silva – Professora Associada da Universidade Fernando Pessoa) – 30 min
- Medicamentos de terapia avançada (Prof. Doutor Sérgio Simões – Professor Associado com Agregação da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra) – 50 min
MÓDULO 2: Aspetos gerais – 2a parte: 22/05/2025
Aspetos regulamentares dos medicamentos biológicos e de terapia avançada:
- Perspetiva farmacêutica (Doutor Ângelo Silva – Comissão de Avaliação de Medicamentos do INFARMED) – 40 min
- Estudos não clínicos (Prof. Doutor Félix Carvalho – Professor Catedrático da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto) – 40 min
- Estudos clínicos (Prof. Doutor Mário Miguel Rosa – Professor Convidado da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e Médico na Unidade Local de Saúde Santa Maria) – 40 min
MÓDULO 3: Exemplos de aplicação clínica – 1a parte: 26/05/2025
- Células CAR-T (Dra. Florbela Braga – Diretora dos Serviços Farmacêuticos do Instituto Português de Oncologia do Porto) – 1h
- Engenharia de células estaminais e medicina regenerativa (Prof. Doutor Joaquim Sampaio Cabral – Professor Catedrático Jubilado do Instituto Superior Técnico de Lisboa) – 1h
MÓDULO 4: Exemplos de aplicação clínica – 2a parte: 29/05/2025
- Anticorpos monoclonais (Prof. Doutor João Gonçalves – Professor Catedrático da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa) – 1h
- Terapia génica (Prof. Doutor Luís Almeida – Professor Associado da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra) – 1h
Metodologia de ensino: sessões teóricas.
Creditação: curso creditado pela Ordem dos Farmacêuticos (0,8 CDP).
Duração: 8 horas.
Horário: 20:30-22:30.
Datas: 20, 22, 26 e 29 de maio de 2025.
Formato: híbrido – à distância e presencial na Secção Regional do Norte da Ordem dos Farmacêuticos.
Destinatários: Licenciados em Farmácia ou Ciências Farmacêuticas (Pré-Bolonha), Mestres em Ciências Farmacêuticas e estudantes de Ciências Farmacêuticas.
Responsáveis pelo curso: Ana Catarina Silva (Professora Associada da Universidade Fernando Pessoa e Investigadora Sénior do UCIBIO da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto); José Manuel Sousa Lobo (Professor Jubilado da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e Professor Emérito da Universidade do Porto); Félix Carvalho (Professor Catedrático da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto).
Organização: Secção Regional do Norte da Ordem dos Farmacêuticos.
Inscrições: sem limite.